segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

coisas pessoais ou algo do gênero

Muitas pessoas me criticam por ser do jeito que sou, talvez um pouco geniosa, mandona, chata, extremamente arrogante em alguns momentos. É bem difícil lidar com quem eu realmente sou, acho que quase ninguém entende o que falo ou como realizo minhas ações.
Me recordei de um dia ter ido visitar uma amiga, chegando lá a irmã dela me disse: "tu fala como rica, come como rica, tu é uma burguesa!". Foi um comentário constrangedor e me senti extremamente envergonhada por parecer algo da qual eu não tenho requisitos para ser.
Na verdade ela não foi a primeira a dizer isso, várias pessoas me dizem essas coisas, me deixam encabulada, talvez seja por algumas coisas de grifes que tenho, por coisas caras que compro, mas primeiramente: metade das minhas roupas e objetos de grife são comprados em brechós!
O que realmente importa é que eu não sou nada disso, não sou metida, chata ou arrogante, eu sou uma pessoa normal, comum e sem muita graça. A maioria das coisas que conquistei foram com muito esforço, com muito pesar; eu não nasci em uma família rica e nem de classe média. Esse status demorou para chegar até nós.
Quando criança, eu morava perto da favela com minha família em apenas um cômodo, ás vezes a gente não tinha muitas coisas para comer, não estou mentindo para dramatizar a coisa toda, até porquê muitos dos meus amigos próximos sabem dessa realidade.
Na época era apenas um salário minimo (que realmente era minimo) para pagar contas, aluguel e para comer, ou seja, demorava anos para eu comprar uma roupa ou um sapato.
Conforme foram passando os anos, eu exerci uma séria deficiência: não conseguia aprender com professores. Eu só fui estudar dentro de uma escola de verdade, aos 9 anos de idade, os outros anos eu ia raramente à escola, meu pai me ensinava o básico, mas mesmo assim eu não sabia ler.
Quando fui à escola aos 9, estava na terceira série e me sentia gorda e estranha no meio de crianças a frente do meu tempo. O dia que me lembro claramente foi quando um guri olhou para meu caderno e disse: "nossa que desenhos bonitos, me empresta esse lápis de cor?"; tudo bem, eram desenhos horríveis e aquele lápis de cor era da minha irmã mais velha, porém ela estava no primeiro ano do colégio, portanto os lápis de cores eram de uns quatro anos atrás. Creio que ele fez isso para ser meu amigo, por dó. Afinal ele foi meu primeiro amigo na escola Marisa de Mello.
Enfim...
As coisas em casa foram melhorando com o tempo, mas levou tempo... assim como levou tempo para eu aprender a ler, mas quando aprendi a ler eu realmente não conseguia parar de estudar, ler e estudar. Vivo uma compulsividade eterna desde os meus 1O anos de idade por conhecimento. O primeiro livro que li foi a biografia e poemas selecionados de Carlos Drummond de Andrade, eu o guardo e ainda lembro quando o encontrei no meio das coisas da minha irmã. Junto com ele vem sempre a memória de quando não tínhamos dinheiro para comprar material escolar e tivemos que vender todos os livros que tinhamos em casa para comprar cadernos baratos. Quando me vi dando adeus a esse livro, eu simplesmente o guardei dentro das minhas coisas e prometi a mim mesma que nunca iria vendê-lo. Se passaram os anos e ele continua intacto.
Depois de tantas coisas que passei, pois esses pequenos relatos são apenas 0,001% da minha vida, eu percebo que eu não me importo com essas coisas que as pessoas dizem, sei que hoje não somos mais pobres, posso dizer que venci na vida, por não pagar faculdade atualmente, por ter me formado em uma escola pública na área química, por ter estudado em ótimas escolas públicas, por ter me transformado em autodidata, por atualmente termos condições financeiras, mas por ter conquistado isso e batalhado com coragem.
Acho injusto o modo como as pessoas desprezam as coisas, acham que só porque pai e mãe tem, pode fazer o que quiser. Ou às vezes aqueles que estão em baixo, ficam se menosprezando, dizendo que nunca irá chegar a algum lugar e com essa desculpa ficam vivendo de barzinho, balada, show, boate, enquanto poderiam investir na própria carreira.
O problema não é ficar esperando alguém te empurrar ou alguém ficar como um treinador gritando: "VAI VOCÊ CONSEGUE, VOCÊ CONSEGUE...", o segredo está em tu fazer e acreditar em você, saber que de todas as portas que tu bater, tu irá ouvir não, não e não, mas saber que uma hora, algum louco vai te dar uma chance. Mas acredite que em uma coisa: se tu não fizer, alguém vai vir e vai fazer e não fique dizendo depois que você sempre é base para outros subirem, porque é você que se faz de base, mas fazer o que né? infelizmente existe essas pessoas com cabeça pequena que se fizeram de bases para eu poder subir também...

Um comentário:

Sofia Rocha disse...

estou a gostar de ler , vou seguir .
beijinho :) *