sábado, 13 de outubro de 2012

Temporariamente desativado

"Essa não é uma história bonita, legal e extraordinária, é uma história comum e sem graça, sobre pessoas perdidas e tristes que se entregaram à depressão.Antes dos trinta anos vou escrever sobre elas, publicar e vender na banca de jorna, tipo livro de auto ajuda, mas um pouco melhor, assim todos vão ficar sabendo que todo mundo tem um dom em comum: a vida e ela é dada só uma vez, que saco né? Já comecei o texto falando merda!" 

Na maior parte do tempo estamos descompassados e sem ritmo, estamos entregues a qualquer pessoa, de repente eu me vejo rindo num ônibus lotado, cheio de pessoas tristes e dependentes de algo, uns do cigarro, outros das bebidas, esses vicios normais e banais, mas existe eu, viciada em cometer os mesmo erros, em amar e reamar sempre, em tentar fazer as pessoas acreditarem que existe amor e que podemos amar uma só pessoa. Me sinto mal... e é nesse exato momento em que fecho meu diário de bordo e começo a ler um jornal, só pra não pensar em você.
Amigos, todos eles, estão temporários, estão lá por estarem, de repente conheço alguém e tudo muda, tenho que treinar ela a gostar do meu mundo, isso é um saco, me faz sentir saudades dos  meus amigos antigos, isso é o meu motivo pra não fazer amigos novos no momento, gosto dos antigos e velhos, eles sabem que sou um pé no saco, que odeio cigarros e cerveja, que adoro o cheiro do asfalto molhado, que tenho meus livros favoritos mantidos na parte central do meu guarda roupa, enquanto que os outros estão guardados no armário debaixo da escada, eles sabem o que estou passando no momento, e seria um saco ter que fazer um amigo novo e ter que explicar a mesma merda, "Nasci em São Paulo, sou isso e aquilo e no momento estou passando por alguns problemas, sou blábláblá...."
Queria estar em qualquer lugar, rejeitando meu passado, discutindo politica com meus amigos, falando do sertão, conversando sobre ditadura, sobre pessoas inuteis, uns fazendo comentários banais, outros dizendo sobre o dólar, economia, plano real, nós rindo das eleições e das mesmas piadas.
Sinto saudades de como eu era, sinto saudades de quem eu pretendia ser, cheia de planos, nunca sozinha no meio do nada, me sinto atualmente estranha, como se não me encaixasse no lugar, me sinto mal e triste, fico horas escrevendo sobre algo que aconteceu comigo, como se um dia eu fosse entregar a alguém para que ela pudesse ler, cada palavra, minha letra tremida dentro do onibus, mas me pergunto sempre:
"Para que escreves mulher? Para que escreve se teu destino é colher as frutas da estação? Vai, larga esse lápis e vai ser feliz na ignorância, não ligue para o que passou, quanto mais tu abrires o coração,  mas tu irá se magoar. Vai, vai ser trabalhadora, esquece o coração manchado e a alma de poeta, segue teu caminho. Vai colher o que plantou no verão."
Levei tempo para descobrir qual era meu caminho, mas agora que estou mal foi que eu descobri qual seria a melhor opção caros amigos. Eu preciso de um tempo, um tempo para arrumar todos meus livros, ler novamente cada um, poder jogar fora meu guarda roupa que está caindo aos pedaços, excluir meus emails, me dedicar mais a faculdade que eu lutei tanto para entrar, viajar antes que eu envelheça mais e fique sem dinheiro, eu preciso é sair dessa crise, preciso perdoar as pessoas, perdoar UMA PESSOA e dizer para ela o quanto está sendo dificil esquecê-la. Mas para tudo isso é preciso de tempo, e não um mês, é preciso de alguns meses e talvez alguns anos, eu preciso aprender a esquecer as lembranças que eu tanto forço para manter em mim, talvez eu precise amar alguém de forma adulta, e esse alguém precisa ser eu.
Agora prefiro escrever no papel, prefiro terminar minhas histórias, terminar um manuscrito inacabado, preciso ser alguém diferente do fui e estou sendo, preciso me estabilizar, eu realmente queria poder voltar aqui diferente, escrever e dizer como  por exemplo, superei minha triste fase, talvez eu volte daqui uma semana e escreva algo vago ou escreva um poema que faça as pessoas chorarem e me parar nos corredores da faculdade para dizer como escrevo bem ou então eu não volte tão cedo e todo mundo ache que estou mal, mas possa ser que eu não volte por isso e pelo fato de que eu tenho uma prova ferrada na faculdade daqui vinte dias, mas em todas circunstâncias quero deixar claro que essa pessoa que fala é uma pessoa partida e sem dinheiro no momento, que fica mal por ter escrito tanta coisa legal para vocês e agora está escrevendo isso, mas volto e escrevo algo legal, mas digo que não morrerá a escritora em mim, eu vou apenas desativar temporariamente as minhas ligações com a pessoa que me fez poeta.

CORAGEM.


Um comentário:

Anônimo disse...

VOCÊ É FODA cara, queria poder te dizer isso pessoalmente para você continuar escrevendo aqui.