domingo, 26 de janeiro de 2014

Quando o amor acabou


Em um determinado momento do nosso relacionamento eu já estava de saco cheio, não conseguia mais me adaptar com as manias, aliás eu já via todas as manias da pessoa e os mil jeitos. Já me irritava até como mastigava ou quando segurava uma caneta nas mãos.
O relacionamento já estava sendo carregado nas costas a tanto tempo que todos os filmes perderam a graça e foram ficando mais cinza que os filmes do Chaplin. 
Algumas vezes eu relembrava como era emocionante chegar em casa e esperar um telefonema ou uma mensagem da pessoa e aos poucos só uma ligação na semana já estava bom, aquela ligação do tipo: "vou te buscar na estação, beijos."
Conforme os dias foram correndo o eu te amo foi ficando escasso e as cartas que até então eram sagradas foram trocadas por abraços e pequenos textos na tela do celular.
Um belo dia as brigas começaram a ficar frequente, os presentes escassos e as visitas raras. Eu senti que ali o amor acabava e a necessidade de arrumar as coisas e voltar pra vida era mais que necessária.
Quem já passou por uma situação assim em um relacionamento sabe que isso só indica que está na hora de arrumar as malas e se despedir, seguir o caminho e sair do piloto automático.
Musiquinha da Amy Winehouse que só entende quem sofreu chicotada do amor
O fim de um relacionamento é péssimo por mais que tu se sinta aliviado; as coisas mudam e a sociedade respeita o seu luto por 120 horas, 5 dias corridos, logo acende a vela de sétimo dia e depois já começam as mensagens no WhatsApp, sms, facebook, sinais de fumaça, tudo te chamando para uma balada, loucamente te cobrando  um novo parceiro, um novo namorado. HELLO vamos rever nossos conceitos?
O meu luto durou muito mais que 120 horas, afinal meu namoro tinha durado quase 3 anos, porque eu teria que arrumar um novo amor em 7 dias? Acontece que depois da grande crise eu nunca mais me envolvi novamente e por um ponto estou certa afinal pra que se envolver de novo? Ainda mais depois que peguei o gosto por sentar em uma mesa de bar e conversar com os amigos me deixou mais viva e mais alegre. Logo peguei o gosto de separar meus finais de semanas para fazer minhas unhas, ir à exposições, festivais, estudar e ficar lendo meus livros sem ouvir alguém me enchendo o saco. 
O problema dos relacionamentos é justamente esse: amarrar uma corrente no seu pescoço e te proibir de viver. Quando isso acontece logo eu assino embaixo o fim do amor... do amor próprio.
Após dois anos solteira, viajando e indo à cinemas sozinha, fazendo compras com os fones de ouvido, cantando bem alto meus rock's, eu aprendi que entrar em uma relação não é preciso amor e paixão pelo outro é preciso de amor próprio, é preciso ter certeza que os opostos não se atraem, que é necessário ter alguém que curta discutir Marx contigo numa mesa de bar ou ficar no silêncio de um quarto escuro ouvindo o Kurt Cobain cantar deprimido dizendo meias verdades. É preciso estar com alguém que entenda que dos 365 dias do ano, 100 dias ela quer estar sozinha (ou até mais). 
O que faz falta nessa vida não é namorado, o que faz falta nessa vida é companheiro. E se tu não acredita é porque nunca ficou solteiro e sozinho por mais de um ano. Que pena. 

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