quinta-feira, 20 de junho de 2013

Seu tiro não vale R$0,20

Estava em casa descansando um pouco, tentando me livrar do meus bloqueios de mente que me atacam a cada 90 dias devido o excesso de leitura, estudos e pela falta de dormir. Enfim, estava eu deitada deixando minha mente livre de qualquer coisa quando recebo uma sms da minha amiga dizendo que dali a dois dias teria um debate sobre saúde pública.
Nos encontramos e fomos conversando no caminho sobre essa tal revolução que estava ganhando peso na mídia de todo país, minha amiga ajudante do movimento passe livre me contava o que estavam querendo e os diversos objetivos do movimento. Chegamos ao debate, ouvi e ouvi, fiquei maquinando na mente ideias e mais ideias, discutimos saúde pública, mas de repente haviam vários tópicos sobre a tal manifestação.
A questão do movimento em si sempre foi um acesso adequado ao transporte público, o que em São Paulo não há condições a meu ver. E tu querido leitor se pergunta, por quê? 
São Paulo é uma megalope com milhões de habitantes, sendo maior parte emigrantes, pessoas que tentam literalmente "sorte na cidade grande" e com essa superlotação não há transporte de qualidade, a não ser que todos colaborem, mas isso já entra na parte de educação. Estão vendo? O problema está na educação, devemos é lutar pela educação. Vejamos o Japão, uma ilha super lotada, onde não há espaço nem para plantar feijão, quem dirá para ter habitantes. Mas tem-se transportes adequados devido a educação bem desenvolvida no país. Voltemos ao Brasil, quer dizer, voltemos a São Paulo e a manifestação.
Dizendo no português claro, o pau comeu e muito no dia 13. A polícia bateu mesmo, muitos amigos apanharam feio, voltaram machucados, outros aprenderam como correr da polícia, aprenderamos a pular muro de prédio, mas acima de tudo aprendemos a ter ódio da polícia. O que terror estava instalado na cidade, as estações estavam fechadas, nós estavamos com tanto medo que se ouviamos alguém dizer CHOQUE já saíamos correndo em direção a China. 
O facebook não parava, ficavamos horas conversando, debatendo política, analisando possibilidades, pensando em ideias para cartazes, ideias para proteção de gases e de balas de borracha. Todos estavam uma pilha. Todos estavam levantando as bandeiras e dizendo "não são só R$0,20" e até eu comecei a me revoltar com a falta de medicamentos no SUS e perdi totalmente o foco da manifestação.
 O protesto finalmente chegou e invadimos a Sé, alguns de nível mais baixo acabaram com a prefeitura e nós seguimos para a paulista. 
Foram cenas muito lindas, pessoas nos aplaudindo, alguns colocando panos brancos nas janelas, todo aquele lenga-lenga de apoio e minha mente só planejava uma rota de fuga se o temido choque aparecesse. 
Até minha amiga viu luzes e já se segurou em mim me pedindo para diminuir os passos, mais uma vez o choque nos enchendo de medo. Mas era apenas luzes de ônibus parando para podermos passar. 
Chegamos na av. Paulista e lá estavamos nós cansadas e com muita fome, além de ter perdido os nossos colegas que decidiram apoiar a linha de frente do movimento, as famosas ligas acadêmicas da universidade. Havia acabado a manifestação, combinamos de comer e ir embora, estava sinceramente me sentindo uma garotinha após o show da sua banda favorita e isso era muito péssimo a meu ver.
Então, ontem fui jantar com algumas amigas e conversamos sobre esse meu lado militante dos últimos dias e depois ao chegar em casa minha mãe me avisa que tínhamos vencido: o preço iria voltar para R$3,00 na segunda-feira. 
E eu pensei "só isso? não tem mais nada? o prefeito só vai tirar vinte centavos mesmo?". E eu que deveria ficar feliz por ter participado disso tudo fico totalmente perdida e triste por ter sofrido, visto meus amigos com hematomas nos braços por vinte centavos. Não sei o que dizer, realmente minhas palavras não caberiam em um cartaz e nem em um texto, agora manifestações brotam como um tubérculo por todo lado e em todas redes sociais, acho que até por email elas estão vindo.
É muito bonito ver isso tudo? Não! Eu acho que revolução é uma coisa inesperada que tem jogadores com ideias bem definidas e o que está acontecendo é a introdução de ideias mal formadas nas cabeças de pessoas que infelizmente não sabem ter opinião própria e também nunca saberá quanto vale um tiro de borracha.

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